Contra o Cerco de Gaza
Um rosto de Natal
Caiu sobre o país uma cortina de silêncio a voz distingue o homem mas há homens que não querem que os demais se elevem sobre os animais e o que aos outros falta têm eles a mais no dia de natal eu caminhava e vi que em certo rosto havia a paz que não havia era na multidão o rosto da justiça um rosto que chegava até junto de mim de nicarágua um rosto que me vinha de qualquer das indochinas num mundo onde o homem é um lobo para o homem e o brilho dos olhos o embacia a água Caminhava no dia de natal e entre muitos ombros eu pensava em quanto homem morreu por um deus que nasceu A minha oração fora a leitura do jornal e por ele soubera que o deus que cria consentia em seu dia o terramoto de manágua e que sobre os escombros inda havia as ornamentações da quadra de natal Olhava aquele rosto e nesse rosto via a gente do dinheiro que fugia em aviões fretados e os pés gretados de homens humilhados de pé sobre os seus pés se ainda tinham pés ao longo de desertos descampados Morrera nesse rosto toda uma cidade talvez pra que às mulheres de ministros e banqueiros se permita exercitar melhor a caridade A aparente paz que nesse rosto havia como que prometia a paz da indochina a paz na alma Eu caminhava e como que dizia àquele homem de guerra oculta pela calma: se cais pela justiça alguém pela justiça há-se erguer-se no sítio exacto onde caíste e há-de levar mais longe o incontido lume visível nesse teu olhar molhado e triste Não temas nem sequer o não poder falar porque fala por ti o teu olhar Olhei mais uma vez aquele rosto era natal é certo que o silêncio entristecia mas não fazia mal pensei pois me bastara olhar tal rosto para ver que alguém nascia Ruy Belo - Todos os Poemas II. Lisboa: Assírio Alvim, 2004, pág. 1776 e 177 .
Na Nova Sede.
Inauguração da nova sede

Um outro mundo é possível?
Um cravo vermelho por José Saramago

Um outro mundo é possível?
Convite
Arraial comemorativo do 25 de Abril
Arraial do 25 de Abril 2010
%5B1%5D.jpg)
De entre as iniciativas e actividades que a Associação Abril organiza regularmente, destaca-se o Arraial do 25 de Abril, que desde a celebração do 30º aniversário da Revolução dos Cravos se realiza no Largo do Carmo, local emblemático e simbólico da adesão do povo ao Movimento dos Capitães que nos devolveram a liberdade, suprimida durante décadas. Esta Festa, sem cariz partidário nem institucional, tem como primeiro objectivo não deixar apagar a memória de um processo histórico profundamente marcante na sociedade portuguesa. Movem-nos, assim, propósitos de carácter educativo e pedagógico, pois, apesar da sua natureza lúdica, esta é uma oportunidade de ensinar e aprender cidadania e de chamar a atenção das novas gerações para os ideais defendidos pela revolução de Abril. Neste contexto, por iniciativa da Associação Abril, a participação de várias organizações cívicas e culturais e com a colaboração, entre outras, da Câmara Municipal de Lisboa, da Junta de Freguesia do Sacramento, da Associação de Turismo de Lisboa e da Guarda Nacional Republicana, vai comemorar-se pelo 7º ano consecutivo o 25 de Abril, com a realização do Arraial no Largo do Carmo. O projecto do Arraial para 2010 vai ter um formato semelhante aos anteriores, embora este ano o estendamos a dois dias de festa, dado que a data coincide com um fim-de-semana e, também, porque queremos, de algum modo, alargar o seu âmbito e estabelecer uma relação, em termos históricos, com o centenário da implantação da República que este ano se comemora.
É uma Festa cívica, com um formato misto entre o Arraial e um Espaço livre na cidade à cultura e à informação. É realizada por cidadãos para cidadãos, aberta a todos os que nela queiram participar, sem cariz partidário nem institucional mas com profundo sentido político. Constitui uma forma de praticar cidadania e de valorizar o exercício da democracia participativa e de intervenção, na defesa dos valores da justiça social e da liberdade.
Assim, ao longo do dia 23 de Abril, o programa dirige-se às escolas, com actividades que dêem a conhecer o significado destas datas (pequenos debates, exposições, teatro, pintura colectiva, jogos.) e, à noite, nos dias 23 e 24 privilegiaremos a participação das Associações, com a sua intervenção cívica e as suas manifestações culturais que vão desde a música, ao teatro, à dança e gastronomia e ainda a participação de artistas amadores e profissionais.
O mundo em estado de guerra?

