Lembrar Gaza

A Associação Abril, solidária e apoiante da iniciativa, apela aos seus associados para participarem nas actividades de evocação e repúdio do massacre de Gaza. "Lembrar Gaza"
PROGRAMA
Data: 4ª feira, dia 13 de Janeiro 2010 Local: Livraria Ler Devagar Horário: 21H30 - NOITE DE DANÇA, TEATRO E POESIA PARA EVOCAR GAZA - "Na queda do chumbo" pelo grupo Gestos - Dança Contemporânea - "Sete Crianças Judias" Texto de Caryl Churchill Tradução e Direcção de Bruno Mendes Actores/Actrizes - André Sobral, Bruno Mendes, Helena Miguel, Lígia Santos, Marta Jorge, Rita Caeiro e Rita Costa. - Conversa/debate com o director e actores/ actrizes - Leitura de poesia - "21 Haikus sobre Gaza" por David Rodrigues; “De Lisboa para Gaza” por Alan Stoleroff; e poemas em árabe lidos por Shahdwadi Data: domingo, dia 17 de Janeiro 2010 Local: Voz do Operário Horário: 15 horas - DOCUMENTÁRIO - “To Shoot an Elephant” de Alberto Arce e Mohammad Rujailah
O dia 18 de Janeiro de 2010 representa o primeiro aniversário do fim do bombardeamento da Faixa de Gaza por Israel. Um ataque que começou a 27 de Dezembro de 2008 e durou até 18 de Janeiro de 2009, e no qual 1,412 Palestinos perderam as suas vidas. O documentário "To shoot an elephant" é um relato testemunhal a partir da Faixa de Gaza do que ocorreu durante esses dias. Esta narração directa e privilegiada torna-se num instrumento com o qual podemos confrontar a propaganda Israelita e o silêncio da comunidade internacional sobre o que realmente aconteceu. Pelo seu valor como testemunho da população civil, "To shoot an elephant" tornou-se um relato legítimo que conta o que realmente ali aconteceu. É um retrato insubstituível do que os meios de comunicação social tentam esconder, uma excepcional banda sonora a ser ouvida por aqueles que vivem sob o controle Sionista... fragmentos de realidade a mostrar como a vida é numa guerra onde não há possibilidade de escapar. - Conversa/debate com José Manuel Rosendo jornalista da Antena 1 Data: segunda-feira, dia 18 de Janeiro de 2010 Local: Largo de S. Domingos, em Lisboa Horário: 18 horas - CONCENTRAÇÃO Para evocar o massacre de Gaza! Para exigir o fim do cerco ilegal a Gaza! A iniciativa "Lembrar Gaza" é promovida por diversas organizações e personalidades e tem como finalidade relembrar e repudiar a ofensiva militar israelita a Gaza, que decorreu entre 27 de Dezembro de 2008 e 18 de Janeiro de 2009. ACUSAMOS o Estado de Israel, as suas Forças Armadas e o seu Governo
Com base nos relatórios da situação de Gaza por organizações de direitos humanos, tais como Amnesty International, Palestinian Committee on Human Rights, Human Rights Watch e International Committee of the Red Cross e, especificamente, o “Relatório Goldstone” produzido para o Human Rights Council da ONU,
Perante o país e o mundo,
ACUSAMOS o Estado de Israel, as suas Forças Armadas e o seu Governo:
• de graves violações do direito internacional humanitário, de direitos humanos e de guerra contra o povo palestiniano de Gaza, no decorrer da operação militar denominada “Chumbo Fundido”, entre 27 Dezembro de 2008 e 18 de Janeiro de 2009;
• de graves crimes contra a Humanidade pelo castigo colectivo deliberadamente concebido e imposto sobre o povo palestiniano com o bloqueio de Gaza. Perante o país e o mundo,
• apelamos ao apuramento das responsabilidades pelos crimes de guerra e pelos crimes contra a humanidade • e exigimos o levantamento do cerco ilegal a Gaza. Lembrar as mais de 350 crianças que foram mortas durante o massacre Criança da Palestina
"Pai, olha para mim. Sou o Ahmed. Porque estás a dormir? Não ouves o barulho das bombas, nem vês o brilho do fogo? Está tudo a arder, pai, tenho medo! Pai, acorda! Acorda e conta-me uma história. Aquela história que a mãe contava antes daquilo acontecer. Lembras-te da mãe? Ficou com os olhos muito abertos de espanto, depois de me gritar para fugir. Eu fugi pai. Depois eu chorava e tu choravas, mas não conseguiste fechar-lhe os olhos. Foi ontem, pai ,que a mãe ficou a olhar para mim? Eu fugi, pai, mas agora estou aqui. Onde é que estou, pai? Tu estás a dormir, pai? Os gritos não te acordam? Pai, tenho medo. Conta-me aquela história de quando eu for grande. Lembras-te da mãe? Dos olhos tristes da mãe, enquanto sorria a contar-me a história? Pai, estou com frio. Abraça-me e deixa-me deitar a cabeça no teu colo. Tenho tantas coisas na minha cabeça...vejo os sorrisos da avó, a mãe a dar beijos no mais pequeno e tu a beberes água da fonte e a água a escorrer-te pelas barbas e eu a jogar à bola e a rir com os meus amigos. Tantas luzes na minha cabeça, pai ! Mas agora quero aquela história da Paz quando eu for grande. Lembras-te? A mãe ensinou-me a escrever essa palavra e disse para escrever as letras abraçadas e colocar na janela para toda a gente ver. Disse também para pintar uma flor mas eu pintei uma bola com muitas cores. Ela gostou da bola e disse que parecia o mundo. E depois disse que essa palavra pequena era a maior do mundo. Como eu era para a mãe. Eu era pequeno mas era grande como o mundo. Pode ser, pai? Mas o mundo é pequeno como a bola e grande como eu para a mãe? O que é o mundo pai? A mãe esqueceu-se de me explicar. Posso jogar a bola com o mundo e brincar à paz? Posso ir à escola no mundo e aprender a escrever mais letras abraçadas? Quero ir ter com o mundo pai. A mãe dizia que eu era o mundo dela. Deve estar lá à minha espera. Pai, eu sou o Ahmed. Acorda! Também sou o teu mundo? Deixa-me deitar no teu colo para ver melhor aquela estrela. Ela chama-me pai, será o mundo a chamar? Vou lá encontrar aquela palavra de letras abraçadas que pendurei na janela? Está lá a mãe à minha espera para me levar para nossa casa? Queres vir também, pai? Deixa lá, pai, descansa! A mãe está a dizer que vai contar-me a história toda de quando eu for grande..."
Lisboa, 13/01/2010_Guadalupe M.P.

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