Convite

"O QUE FAZ FALTA"
No nosso plano de actividades salientámos o propósito de desenvolver o lema "a cultura do desassossego", abordando questões da actualidade e da cidadania.
Desta vez, vimos convidar-vos para mais uma conversa de fim de tarde e para uma peça de teatro musical sobre um tema que a todos nos toca, não só numa perspectiva individual mas também enquanto cidadãos atentos, inseridos numa comunidade. Cada um de nós sente e sabe o que lhe faz falta e também o que falta na sociedade em que vivemos.
Buscando inspiração no tema do Musical, em cena no Villaret, "O que faz falta", vamos entrelaçar várias expressões, todas elas para desassossegar: a palavra, a música, o teatro e o convívio. Vamos ligar Lope de Vega a problemáticas actuais, com música de Chico Buarque e a matriz de Zeca Afonso, que titula toda actividade.
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Um abraço de amizade.
Guadalupe Magalhães Portelinha (Presidente da Comissão Coordenadora da Associação Abril)
Programa:
"O QUE FAZ FALTA"
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Dia 13 de Maio, 19.00h,Teatro Villaret:
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· 19.00h-20.00h-Debate com José Manuel Pureza e Carlos Fragateiro. · 20.00h-20.10h-Momento musical com canções de Zeca Afonso. · 20.15h-Lanche/jantar/convívio. · 21.30h-Teatro Musical "O que faz falta", a partir da obra de Lope de Vega "Fuenteovejuna" e canções de Chico Buarque.
O preço do bilhete é 10€ (mais de 10 pessoas); bilhete mais jantar fica em 16€
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Solicitamos que se inscrevam o mais rápido possível, no máximo até dia 11, através do tel. da Associação Abril 927393445 ou do email associabril@gmail.com, pois precisamos reservar os bilhetes antecipadamente.
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Arraial comemorativo do 25 de Abril

"Por uma cultura da paz"
Dois dias, 23 e 24, dedicados a comemorar Abril: no primeiro dia, à tarde, as crianças, aprenderam sobre significado e a importância de duas datas da história de Portugal, através do Jogo da Glória gigante, em que responderam a questões sobre o 25 de Abril, e de uma peça de teatro interactiva sobre a República. No final, expressaram numa pintura colectiva, as ideias de liberdade e de paz. À noite, nos dois dias, houve Festa animada, mas também reflexão sobre a temática proposta e sobre os valores fundamentais recuperados pela revolução de Abril, expressa na decoração do recinto, nas mensagens das várias associações e nos espectáculos em palco.
Duas razões nos moveram para organizarmos o Arraial, sob o signo de sim à Paz e não à guerra, tema proposto por uma organização participante -PAGAN- e alargada por nós para o lema mais global "por uma cultura da paz". A primeira razão, porque o mundo está em evidente convulsão social, a vários níveis, e a segunda, porque, termina em 2010 a década a que a Unesco dedicou a este tema, que se iniciou em 2000, com lançamento do ano internacional da cultura da paz.
Achámos, pois, pertinente, a jeito de balanço, reflectir sobre o que aconteceu no mundo, nesta década, em relação à paz e à guerra. Não deixa de ser trágico confrontar as boas intenções com os factos reais e verificar a situação de guerra que se vive hoje no mundo. Guerra em muitos sentidos, onde se inserem não apenas os conflitos armados mas também a violência nas suas variadas formas. Verifica-se, assim, que desde 1991, as guerras não têm parado: guerras na Jugoslávia, Palestina, Somália, Afeganistão-Paquistão, Iraque, Líbano, Gaza... São guerras com ocupação militar prolongada; com um enorme grau de destruição de pessoas e bens; com violências inomináveis sobre as populações; com o uso indiscriminado de armas proibidas e de destruição massiva; com incontáveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade; com violações dos direitos humanos e do direito internacional; com flagrante desrespeito e progressiva marginalização da ONU e da Carta das Nações Unidas. E não ficaremos por aqui. Infelizmente novas ameaças de conflitos se avizinham... talvez Irão, Coreia do Norte, Iémen, Geórgia, Somália ...
Este recurso tão cruel à guerra e à violência significa esquecer tudo o que nós, enquanto seres humanos, aprendemos e conquistamos durante muitos séculos. Significa ignorar avanços como a abolição da escravatura; a abolição da pena de morte na maioria dos países; o derrube de muitas ditaduras; a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com o reconhecimento de que todas as raças, religiões e culturas têm o mesmo valor e enriquecem o património humano; o direito universal à Educação; a justiça que garante às mulheres igualdade de direitos e o exercício pleno de suas capacidades; os direitos dos trabalhadores por melhores condições profissionais; o esforço desenvolvidos pela protecção da natureza, pelos direitos da terra, da "pacha mama".
É pois necessário mudar de paradigma. Transformar os valores de uma cultura de violência e de guerra, nos valores de uma cultura de não-violência e de paz.
A cultura da paz é um processo contínuo de ensino e de aprendizagem, de desenvolvimento pessoal e social e de prática no dia-a-dia familiar, comunitário e nacional. Também não é um processo passivo, e a humanidade deve saber geri-la, esforçar-se por ela e promovê-la.
A cultura da paz insere-se no respeito pelos direitos humanos e "constitui terreno fértil para que se possam assegurar os valores fundamentais da vida democrática". Insere-se na construção solidária de uma nova sociedade: no respeito pela diversidade, pela pluralidade, pela igualdade, pela justiça social, pelo cuidado e protecção de todos os seres vivos, pela responsabilidade individual e colectiva e pela solidariedade universal.
A cultura da paz é um desafio, urgente, à escala planetária e foi também o desafio que nós lançámos neste Arraial comemorativo dos 36 anos do 25 de Abril.
Por isso, desafiámo-nos e desafiámos-vos a conjugar o signo "por uma cultura da paz" com o lema da "cultura do desassossego", numa simbiose que obriga a agir e estimula o quebrar com a apatia, a resignação, a inércia e o comodismo. Convidámos-vos a unir as mãos ou a arregaçar as mangas e a sair do vosso “porto seguro” para partir na direcção do “porto futuro”, alcançando ancoradouros aparentemente inacessíveis.
Não desejamos que este desafio seja encarado como uma utopia ou um sonho. Pelo contrário, deve ser visto como objectivo primordial da humanidade. E também porque acreditamos, com Margareth Mead, que mesmo um pequeno grupo, mas que pense e esteja atento, seja comprometido e sensível com o que o rodeia, pode mudar o mundo, desde que navegue orientado pelas estrelas do querer e da solidariedade.
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