"Estórias dentro da História da guerra colonial" foi tema para dois debates: o primeiro abordou as questões políticas e sociais, enquanto que o segundo se centrou nas situações traumáticas e no sofrimento daqueles que as vivenciaram.
Foram sessões que primaram pela qualidade das comunicações onde pela evocação da memória se promoveu o esclarecimento, suscitou a análise objectiva e contribuiu para a reflexão e partilha sobre um tema que continua tabu no nosso imaginário colectivo. Para uns é fantasma, para outros pesadelo contínuo e para muitos indiferença.
De sublinhar a importância destes debates como contributo para que a memória não se perca perante a devastadora inexorabilidade do tempo. As recordações e lembranças desgastam-se pela erosão dos dias e vão ficando nebulosas, difusas e distantes ou definitivamente perdidas com o desaparecimento do património humano que é o seu suporte.
Passaram já 40 anos desde o início da guerra colonial para uns, guerra de libertação para outros, finda a qual não se fez o luto no tempo devido. Primeiro, porque a euforia da revolução dos cravos não permitiu que o olhar egoísta da alegria avistasse o sofrimento que passava ao lado. E depois foi passando o tempo e a indiferença apossou-se das pessoas e das instituições levando ao esquecimento, ao descaso, à insensibilidade. Assim se cometem injustiças, sem encontrar responsáveis.
É preocupante verificar que passados 40 anos ainda se nota a falta de uma investigação científica objectiva, transparente, focada em diferentes linhas de trabalho, apesar de nos últimos cinco anos se terem realizado mais estudos do que nos restantes 30 , o que poderá ser promissor. Os documentos apresentados no 2.º debate são disso prova e de enorme qualidade, reveladores de que há pessoas que não se conformam e lutam pelo conhecimento.
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