Visita Cultural a Setubal

Mais uma visita que a Abril organizou e que nos encheu de satisfação e enorme realização pessoal. Tivemos por companhia a Cultura nas suas várias nuances. Começámos pelo maravilhoso Convento de Jesus, passámos por uma bela exposição de pintura da autoria do Morgado de Setúbal e continuámos desfolhando páginas da poesia de Bocage e a reflectir sobre a sua figura controversa até chegarmos ao Museu do Trabalho , onde assistimos a um momento único de cumplicidades entre a comunidade e o Museu, numa simbiose espontânea ao som da concertina, sob o signo das "cartografias da memória", integrada nas tarde culturais organizadas pelo Museu.

Coincidência feliz termos iniciado o nosso programa de actividades com esta visita a Setúbal, terra por onde têm passado, vivido ou nascido, poetas, músicos, escritores, pintores que se inscreveram nesta luta de bulir com o quotidiano, de alertar consciências, de construir utopias: lembro apenas Bocage, Giacometti e Zeca Afonso.

Foi a primeira incursão naquilo que denominámos como objectivo único do nosso plano de actividades base para estes dois anos - a cultura do desassossego - e aqui, no Museu, vivemos um momento de real inquietação, de questionamento, de reflexão sobre o papel de cada um de nós na comunidade em que se insere. Entendemos também o desassossego que nos provoca este novo conceito de museologia, que exige dos cidadãos uma nova atitude, tornando-os protagonistas da própria história, obrigando-os a escrever no presente como o passado se pode amarrar mas também projectar no futuro.

Interessante ver como os caminhos da arte se podem cruzar de uma forma maior com os da cidadania, da democracia participativa, da defesa dos valores fundamentais e com a preservação da memória. Porque a memória é um bem colectivo e como tal deve ser nacionalizada, partilhada por todos e inscrita nas cartografias da nossa consciência social, na construção da nossa identidade. Essa memória ancorada em vários portos de abrigo do nosso ser colectivo, sem se apagar nem esquecer, antes valorizar e contribuir para o conhecimento e a compreensão do passado e do presente permitindo imaginar o futuro.

Um pequeno resumo descritivo dos lugares e fotografias ilustrativas da visita:
Igreja Convento de Jesus de Setúbal
A Igreja do antigo Convento de Jesus de Setúbal é um dos grandes tesouros da região, constituindo um dos principais monumentos do estilo Manuelino em Portugal,.O edifício do Convento de Jesus foi fundado em 1490 pela ama do rei D. Manuel I, Justa Rodrigues Pereira. O Rei D. João II manda ampliar o projecto, entregando-o ao famoso arquitecto Diogo Boitaca em 1494, e em 1496 era já ocupado pelas Freiras Clarissas, tendo sido finalizado por volta de 1500.

A Igreja Gótica apresenta um interior sumptuoso, e foi o primeiro ensaio no País de uma “igreja salão”, conferindo uma unidade do espaço, com as três naves abobadadas à mesma altura, permitindo uma iluminação uniforme do interior. A Igreja é famosa pelas suas belas colunas torsas feitas em brecha (uma pedra típica da Serra da Arrábida) que sustentam as abóbadas.

No tecto estão presentes nervuras espiraladas que viriam a ser um dos grandes marcos do estilo.

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Casa de Bocage - Galeria Municipal de Artes Visuais
Neste edifício nasceu, a 15 de Setembro de 1765, o poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage. No último quartel do século XIX foi doado à Câmara Municipal de Setúbal pelo francês Edmond Bartissol, que o tinha adquirido em 1887.

Este espaço museológico tem, em exposição permanente, peças de arte e livros do Museu de Setúbal/Convento de Jesus e documentos da Biblioteca Pública Municipal de Setúbal que retratam a figura e obra de Bocage. Em complemento, existe uma cenografia de uma sala, onde uma figura de Bocage se encontra sentada. No primeiro andar, está instalado um Centro de Documentação Bocagiano, ligado, pela internet, a bibliotecas e centros de estudo.

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. Museu do Trabalho Michel Giacometti
Instalado numa antiga fábrica conserveira, do seu espólio constam centenas de instrumentos musicais, fotografias, recolhas de literatura popular e de instrumentos e materiais ligados ao trabalho rural.
As actividades marítimas, pesqueira e salineira (intimamente ligada à indústria de conservas), são pontos altos da exposição.
O Museu do Trabalho Michel Giacometti caracteriza-se por ser um verdadeiro espaço vivo, pelas suas características e pela relação que estabelece com os seus visitantes.
Durante todo o ano, o Museu promove diversas actividades. Para além da visita ao Museu, aos seus espaços e espólio, o grande público tem ainda disponíveis Tardes Interculturais, com música, dança, gastronomia, entre outras iniciativas, a decorrer nos últimos sábados de cada mês.
O Museu disponibiliza ainda para o público escolar animações no espaço do Museu e no espaço da Casa Bocage, intituladas E se o lobo aparece… e Bocage apresenta-se aos mais novos.
Este espaço museológico inovador abriu as portas pela primeira vez em 1987, tendo ganho diversos prémios.

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