A Associação Abril, dada a sua própria natureza, não pode ficar indiferente ao que se passa no mundo, em especial em Portugal. Uma crise sistémica, resultado das contradições do próprio capitalismo, abateu-se sobre a Europa e os Estados Unidos e ameaça criar situações de caos das quais ninguém sabe exactamente como sair.
Mesmo assim, aqueles que geraram a crise e dela se aproveitaram ou pretendem aproveitar continuam a receitar, para debelá-la, os mesmos remédios já antes aplicados em situações semelhantes, noutros lugares. A palavra de ordem do poder político, em obediência aos dogmas das TROIKAS, é privatizar, emagrecer o Estado, desresponsabilizando-o das suas obrigações em áreas como a Saúde, a Educação, a Cultura e a Segurança Social. Os programas impostos aos países, pelas suas regras neoliberais, vão contribuir para aprofundar o fosso entre os indivíduos e construir sociedades marcadas pelas desigualdades e pela injustiça, no caminho evidente de uma regressão social provocada por desemprego, precariedade, degradação do serviço público em geral.
Para além disso, os meios de comunicação social pouco têm contribuído para o esclarecimento das pessoas, pelo contrário, antes concorrem para a formatação de um pensamento que coarcta a pluralidade de ideias e torna inevitável o sentimento de que a única saída para a crise é a austeridade e o sacrifício daqueles que sempre se têm sacrificado. É contra esta inevitabilidade que temos que dizer: NÃO! Não podemos ser cúmplices deste plano aceitando que os mercados submetam os estados e tenham mais valor do que as pessoas e o seu bem-estar.
A Abril, que elegeu para este biénio de mandato o lema de "a cultura do desassossego", vem apelar a todas e a todos para uma união na denúncia de tamanha iniquidade. Recusemos a letargia e a resignação e, indignados, despertemos a inquietação e a rebeldia e lutemos pela qualidade da democracia, exigindo a prática da democracia participativa, consignada na Constituição. Uma Democracia que tenha no seu âmago o futuro e a esperança dos povos, baseada numa vida digna e solidária. Uma Democracia que faça florescer, de novo, um cravo de Abril.
E se a democracia sai à rua a 15 de Outubro, nós queremos sair ao lado dela e não apenas vê-la passar.
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